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Inadimplência em cartão de crédito atinge 28%

O nível elevado de inadimplência na indústria de cartões de crédito
entrou no radar do governo. A informação foi dada à Agência Estado pelo
secretário de Acompanhamento Econômico (Seae) do Ministério da Fazenda,
Antônio Henrique Silveira. Segundo ele, se forem consideradas apenas as
operações em que o valor da fatura não é pago integralmente e por isso
o usuário paga juros, o nível de calotes está em 28%. Se for
considerado o total das operações, a inadimplência está em 10%.



As
operações em que a conta do cartão de crédito é total ou parcialmente
rolada equivalem a um terço do total. Nos outros dois terços, o usuário
paga o valor total da fatura. "Chama atenção que a inadimplência no
segmento de cartões, que alcança 28% nas operações com juros. Essa é
uma inadimplência muito alta, que ultrapassa de longe a taxa observada
em outras operações de crédito, como o empréstimo pessoal, o CDC
(Crédito Direto ao Consumidor) e o cheque especial", disse. Ele
acrescentou que o alto nível de "calote" é usado pelas administradoras
para justificar as altas taxas que cobram.



O tema está sendo
pesquisado pelo governo e discutido com a Associação Brasileira das
Empresas de Cartões (Abecs). Uma das hipóteses consideradas é a relação
dessa inadimplência com as metas de emissão de cartões, que podem levar
redes de varejo a não fazer o controle adequado do risco. "Isso levanta
perguntas sobre a gestão de risco. É algo que a gente está
investigando."



Ele negou que haja um risco semelhante ao que
ocorreu no mercado imobiliário americano, mesmo porque a lucratividade
do setor é bastante alta.



O segmento de cartões está sendo
acompanhado de perto pela Seae, bem como pelo Banco Central e pela
Secretaria de Direito Econômico (SDE) do Ministério da Justiça. Há
pouco mais de um mês, os três órgãos divulgaram estudo sobre a
indústria de cartões, no qual se constata que há uma forte concentração
de mercado e uma rentabilidade muito elevada.



Segundo Silveira,
o governo estuda medidas regulatórias para dar mais transparência nas
relações contratuais entre as empresas e os clientes e lojistas e
estimular uma maior competição no mercado, enquanto está aberta a
audiência pública. Ele explicou que é possível deixar mais explícitas
informações sobre as tarifas cobradas e vedar práticas como cláusulas
contratuais que permitem alterações a qualquer momento ou criação de
tarifas. "Vamos dar ênfase à clareza e transparência dos contratos e
valores de tarifas", disse, acrescentando que a maioria das reclamações
sobre esse problema são de lojistas.



Silveira afirmou que o
governo pode estimular a entrada de novos competidores no mercado,
incentivando, por exemplo, o compartilhamento das máquinas de
pagamento. Hoje, cada bandeira tem sua máquina própria, mas o governo
federal pode atuar, como já fazem alguns Estados, para que os lojistas
trabalhem com apenas uma máquina para todas as administradoras.


Fonte: O Estado S. Paulo
Data: 07/05/2009