Notícia

A Petrobrás como motor da indústria


A decisão do governo de excluir a Petrobrás do compromisso de
contribuir para o superávit primário tem a vantagem de permitir que a
empresa defina mais desembaraçadamente o seu programa de investimentos.
O governo considera agora que a empresa, que tem o maior programa de
investimentos do País, deve dar prioridade a encomendas à indústria
nacional e, deste modo, ajudar na luta contra a recessão.




De fato, trata-se da empresa nacional que deve apresentar o maior
lucro, em razão da queda nos preços do petróleo, e cujas necessidades
de investimentos são de dimensões muito superiores às de qualquer outra
empresa brasileira.




Essa política não deve ser confundida com a de substituição das
importações, que, como mostraram várias tentativas, malogrou e permitiu
à indústria brasileira impor preços muito acima dos observados no
mercado internacional. O objetivo agora é animar investidores
estrangeiros a se implantarem no Brasil, trazendo aporte tecnológico,
know-how e capitais, atraídos pelo vulto das encomendas da Petrobrás
por diversos anos.




A indústria nacional, estimulada também por essa perspectiva,
poderá ela mesma adquirir tecnologia no exterior ou realizar joint
ventures, oferecendo preços competitivos. O papel da Petrobrás, nesse
caso, seria oferecer ou avalizar financiamentos que uma empresa privada
teria mais dificuldades para conseguir, enquanto a estatal, dado o seu
patrimônio presente e futuro, teria portas abertas.




Segundo a Petrobrás, a indústria nacional já oferece 65% do
conteúdo de equipamentos de que ela necessita. A experiência recente
comprovou, todavia, que os preços nem sempre são competitivos. Levando
em conta que a Petrobrás é uma sociedade de capital aberto e que em
muitos campos tem sócios, não pode aceitar pagar equipamentos a um
preço muito superior ao do mercado internacional, especialmente para
extrair um petróleo cujo custo já será elevado.




Se levarmos em conta que a Petrobrás prevê investimentos da ordem
de US$ 93 bilhões até 2013, parece que não será difícil formar joint
ventures para oferecer, a um preço competitivo, equipamentos de última
geração num momento em que a crise reduziu muito a produção na
indústria mundial.




O ideal seria haver muitas empresas concorrentes para se obter os
melhores preços, sabendo-se que as enormes necessidades da Petrobrás
garantem encomendas para todos.



Fonte: O Estado S. Paulo
Data: 20/04/2009