Corte de preço da gasolina nas refinarias faz defasagem disparar
Com a alta nas cotações internacionais e o
corte promovido pela Petrobras na semana passada, o preço da gasolina
nas refinarias brasileiras iniciou a semana com elevada defasagem em
relação à paridade de importação.
Segundo a Abicom (Associação
Brasileira dos Importadores de Combustíveis), a diferença estava em 11%,
ou R$ 0,39 por litro, no início do pregão desta terça-feira (7). Para o
CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), a defasagem é de 15%, ou R$
0,57 por litro.
É o maior nível desde os dias que antecederam o
último aumento nos preços da Petrobras, no fim de janeiro, ainda antes
da posse de Jean Paul Prates, indicado do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) para comandar a estatal.
As duas entidades entendem
que a Petrobras vem operando com preços inferiores aos estimados pela
associação desde que o corte nas refinarias entrou em vigor, na última
quarta-feira (1º).
"Esta semana, continuamos a ver um aumento na
maior parte dos fundamentos de preços internacionais, o que leva a
Petrobras a operar com descontos", comentaram em relatório nesta terça
(7) analistas do Itaú BBA.
"Esse contexto de paridade de
importação em alta, combinado com a recente discussão sobre possíveis
mudanças na política de preços da Petrobras, deve pressionar a companhia
pelas próximas semanas", concluem Monique Greco, Bruna Amorim e Eric de
Mello.
A tendência, porém, é que a defasagem caia nos próximos
dias, já que os contratos futuros apontam para redução das cotações
internacionais.
Na véspera da redução de preços, executivos do
setor alertavam que o mercado internacional tinha tendência de alta e
que não viam muito espaço para cortes. A pressão sobre os preços é
natural nessa época do ano, com o início da formação de estoques para o
verão nos Estados Unidos.
Ainda assim, após reuniões com o
governo, a Petrobras anunciou a redução de R$ 0,13 por litro, que
compensaria parcialmente a nova alíquota de PIS/Cofins, de R$ 0,47 por
litro.
A Petrobras justificou a redução de preços dizendo que
busca equilíbrio "aos mercados nacional e internacional, através de uma
convergência gradual, contemplando as principais alternativas de
suprimento dos nossos clientes e a participação de mercado necessária
para a otimização dos ativos".
Na semana passada, em sua primeira
entrevista coletiva como presidente da estatal, Prates disse que a
ideia é deixar de usar o conceito de paridade de importação, que
considera uma "abstração", que "só serve para deixar o concorrente
confortável".
A nova política de preços da companhia, afirmou,
seguirá atrelada às cotações internacionais, mas sem considerar
necessariamente os custos para importação dos produtos. Na sua opinião, o
modelo atual foi implantado para beneficiar importadores e abrir o
mercado.
"A Petrobras vai praticar preços competitivos do mercado
nacional, do mercado dela, conforme ela achar que tem que ser para
garantir sua fatia de mercado", disse o executivo.
A mudança,
porém, ainda depende da nomeação da nova diretoria e do novo conselho de
administração da estatal, que deve estar concluída até o início de
maio. Até lá, segundo Prates, a determinação é seguir as regras vigentes
na empresa.
Procurada, a Petrobras ainda não comentou o assunto.
Em notas anteriores sobre o tema, a empresa tem respondido que "o preço
de paridade de importação não é um valor absoluto, único e percebido da
mesma maneira por todos os agentes".
"Os reais valores de
importação variam de agente para agente, dependendo de características,
como, por exemplo, as relações comerciais no mercado internacional e
doméstico, o acesso à infraestrutura logística e a escala de atuação."