O Estado de S. Paulo
07/12/2016 – No mesmo
dia em que a Petrobrás aumentou o preço da gasolina e do óleo diesel em
8,1% e 9,5%, respectivamente, na refinaria, o consumidor já pagou mais
pelos combustíveis. Na terça-feira, 6, o litro da gasolina estava, em
média, R$ 0,10 maior do que no dia anterior na cidade de São Paulo. No
óleo diesel, o aumento médio foi de R$ 0,15, aponta um levantamento do
Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de
São Paulo (Sincopetro), confirmado pelo ‘Estado’, que consultou vários
postos.
Gasolina
Estatal anunciou reajuste de gasolina e diesel
A expectativa do sindicato é que até sexta-feira todos os postos do
Estado estejam com preços majorados porque, diante da escassez de
capital de giro, os estoques no varejo são, no máximo, para três dias. A
Petrobrás também anunciou que a partir desta quarta-feira, 7, o preço
do GLP (gás liquefeito de petróleo) industrial terá aumento de 12,3%.
A rapidez com que ocorreu o repasse da alta de preço dos combustíveis na
refinaria para o consumidor destoa do comportamento dos últimos tempos
em relação à gasolina. Em meados de outubro e na primeira semana de
novembro, a Petrobrás reduziu o preço da gasolina, mas a queda não
chegou ao consumidor. Ao contrário, nesses períodos, houve um aumento na
cotação média da gasolina, segundo a Agência Nacional de Petróleo
(ANP).
“As distribuidoras não repassaram na baixa e já repassaram na alta.
Alguém ficou com o dinheiro”, afirma o presidente do Sincopetro, José
Roberto Paiva Gouveia. O executivo observa que, por conta de os preços
não terem caído na bomba, o consumidor achou que os donos de postos de
gasolina embolsaram a diferença, já que a Petrobrás, na época do anúncio
dos cortes, chegou a falar em quanto o preço poderia ser reduzido.
Gouveia afirma que as distribuidoras aumentaram os preços, mesmo quando
as cotações caíram na refinaria.
Denúncia. A animosidade criada entre os clientes e os postos por causa
da conduta das distribuidoras fez o presidente do Sincopetro enviar
denúncia, por duas vezes seguidas, em outubro e novembro, ao presidente
da Petrobrás, Pedro Parente, relatando que as empresas não repassaram a
redução de preços para os postos. Nas duas vezes, Gouveia diz que não
teve resposta. Agora, ele se prepara para fazer a denúncia pela terceira
vez. Vai relatar novamente que não houve corte de preços no passado
recente e que agora o reajuste foi imediato.
Procurada, a BR Distribuidora informou por meio de nota que “como a lei
brasileira garante liberdade de preços no mercado de combustíveis e
derivados, as revisões feitas pela Petrobrás nas refinarias podem ou não
se refletir no preço final ao consumidor. Isso dependerá de repasses
feitos por outros integrantes da cadeia de petróleo, especialmente
distribuidoras e postos de combustíveis”.
A Raízen, distribuidora licenciada da Shell no Brasil, informou, por
meio de nota, “que seus preços variam quando ocorrem alterações nas
diferentes parcelas que compõem o custo de seus produtos, o que ocorreu,
inclusive, nas recentes reduções anunciadas pela Petrobrás”. A empresa
diz que as cotações dos combustíveis são livres e as variações de custo
na refinaria não são as únicas determinantes na precificação
estabelecida na cadeia de comercialização. O Sindicom, que reúne as
distribuidoras, informou, em nota, que desconhece a política de preço
das associadas.