Notícia

Apoio movido a álcool

Os usineiros já negociam, a um ano e seis meses das
eleições, apoio à eventual candidatura da ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff, à Presidência da República. Numa reunião na capital
paulista, há 10 dias, apresentaram o preço da adesão à chapa da "mãe do
PAC": querem que o governo adote medidas para garantir a
competitividade do álcool, cujo preço está no nível mais baixo desde
2004, segundo levantamento realizado pelo Centro de Estudos Avançados
em Economia Aplicada (Cepea) da Universidade de São Paulo (USP). A
sucessão de Lula foi incluída no debate por iniciativa dos usineiros.



Estavam
presentes o presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica),
Marcos Jank, cerca de 40 representantes do setor e a subchefe de
Articulação e Monitoramento da Casa Civil, Tereza Campelo. Os
anfitriões do encontro mostraram preocupação com a possibilidade de o
governo reduzir o preço da gasolina, devido à queda do valor do barril
de petróleo e à notória disposição dos presidentes de afagar a classe
média em períodos pré-eleitorais. Primeiro, os usineiros perguntaram se
o governo estaria disposto a aumentar a tributação da gasolina para não
deixar seu preço cair muito, o que teria o impacto de um terremoto
entre os produtores de álcool.



Tereza respondeu que não. Disse
que subir impostos está fora de cogitação no Palácio do Planalto.
Diante da resposta, os usineiros apresentaram a fatura, propondo a
elevação da mistura de álcool na gasolina. Sugeriram que o percentual
salte de 25% para 30%. Tereza não se manifestou. Lembrou apenas que
Lula e Dilma são parceiros do setor e que o etanol é uma bandeira
brasileira a tremular no cenário internacional. Em meio à discussão
técnica, coube a João Pilon, conselheiro da Unica e dono da Usina Santa
Maria, ser mais incisivo.



Depois de afirmar que nunca um
presidente foi tão bom quanto Lula para o setor sucroalcooleiro, Pilon
alertou Tereza para o fato de "2010 estar logo ali" e os usineiros
serem bastante influentes em seus municípios. O recado foi
testemunhado, entre outros, por Maurício Biagi Filho, presidente da
Usina Moema e integrante do Conselho de Desenvolvimento Econômico e
Social, órgão vinculado à Presidência da República.



Palocci.
No Centro-Sul do País, o setor sucroalcooleiro tem um Produto Interno
Bruto (PIB) estimado em cerca de US$ 20 bilhões e gera um milhão de
empregos diretos. A maior parte da produção é realizada em São Paulo,
governado por José Serra (PSDB), pré-candidato à Presidência. Em
conversas com auxiliares de Lula, usineiros alegam não ter boa relação
com Serra. Além disso, entoam elogios ao ex-ministro da Fazenda Antonio
Palocci. Ex-prefeito de Ribeirão Preto, Palocci é cotado para
representar o PT na sucessão paulista e comandar o palanque de Dilma no
estado.



Ministros e petistas veem com bons olhos as conversas em
curso, mas com uma pitada de ceticismo. "Eu não acredito que os
usineiros de São Paulo, em bloco, apoiem os nomes do PT", diz o líder
do partido na Câmara, Cândido Vaccarezza (SP). Um assessor presidencial
é mais otimista. Em tom de brincadeira, ele lembra que nunca antes na
história deste País o setor sucroalcooleiro teve um garoto propaganda
tão bom quanto Lula.


Fonte: Jornal do Commércio - RJ
Data: 14/04/2009