Notícia

Qualidade do biodiesel

Falta somente a liberação de recursos do Conselho Nacional de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) para que seja
desencadeada no país uma pesquisa que objetiva diagnosticar fatores de
alteração da qualidade do biodiesel, entre a usina e o posto de
combustíveis, a fim de conhecer melhor o comportamento do combustível
isolado e em mistura com o diesel. O estudo deve levar três anos e deve
se iniciar no segundo semestre. Além de usar metodologias de análises
exigidas pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e
Biocombustíveis (ANP), o grupo desenvolverá outras que permitam
identificar adulteração, degradação e contaminação química e microbiana.



De acordo com a pesquisadora da Embrapa Agroenergia e líder do projeto,
Itânia Soares, problemas de qualidade podem afetar qualquer produto,
inclusive combustíveis fósseis. Quando isso acontece, surgem problemas
como corrosão, entupimento de filtros e bicos injetores, além de outros
danos ao motor de veículos. Segundo ela, para garantir a qualidade são
necessárias ações em todos os pontos da cadeia, da fabricação ao consumo
final, especialmente no armazenamento e no transporte. "De forma geral,
o transporte rodoviário não segue as boas práticas da ANP."



As coletas serão feitas no Centro-Oeste, região que respondeu, em 2012,
por cerca de 45% da produção nacional do biocombustível. Para monitorar a
estocagem, os pesquisadores instalarão na Embrapa réplicas dos tanques
usados nas usinas. Eles avaliarão possíveis alterações por 90 dias,
períodos de seca e chuvoso, para medir principalmente a influência da
umidade na degradação. No ano seguinte, isso poderá ser feito em outros
pontos do país como o Estado, fornecedor de matérias-primas como a soja
para o biodiesel.



Apesar de se debruçar sobre as etapas seguintes à produção de grãos, o
trabalho também focará o que sai do campo. O Instituto Nacional de
Tecnologia identifica o tipo de matéria-prima do biocombustível
analisado, informação importante na análise qualitativa. "Assim,
poderemos verificar qual a influência do seu uso no processo como um
todo", explica Itânia.



O presidente da Câmara de Oleaginosas e Biodiesel, Odacir Klein, avalia
que iniciativas como esta fortalecem a cadeia produtiva. O Brasil é hoje
o terceiro maior produtor mundial de biodiesel, atrás dos Estados
Unidos (EUA) e da Alemanha, e tem a segunda colocação no consumo, desde
que ultrapassou a Alemanha, em 2012, ranking também liderado pelos EUA.


Fonte: Correio do Povo/RS
Data: 22/04/2014