AUTOMÓVEIS ESTÃO MENOS POLUENTES, APONTA ANFAVEA
Considerado um dos ramos mais poluentes da indústria, o setor automobilístico diz que fez a lição de casa e avançou rumo à sustentabilidade: desde 1987, o Brasil reduziu em 97% os níveis de emissões veiculares e, entre 2008 e 2011, o consumo de água por veículo produzido baixou de 5,5 m3 para 3,52 m3, de acordo com a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea).
Além disso, dados do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve) apontam que os veículos leves atualmente fabricados no país emitem cerca de 28 vezes menos poluentes do que aqueles produzidos no final dos anos 80. Para a Anfavea, o avanço da legislação de emissões e o desenvolvimento da indústria impulsionaram a modernização do setor gerando investimentos em laboratórios de controle e de tecnologias, promovendo a melhoria da qualidade dos combustíveis, como, por exemplo, a eliminação do chumbo na gasolina.
No estudo "Indústria Automotiva e Sustentabilidade", que será apresentado durante a conferência, o Brasil é o 4º maior mercado e o 6º maior produtor automotivo mundial, que só em 2010 faturou US$ 107 bilhões. Projeções indicam que o potencial do mercado interno é de 6,3 milhões de veículos por ano em 2020.
A boa notícia é que os veículos flex já representam mais de 40% da frota de veículos leves no Brasil. Lembrando que os ganhos ambientais da produção e do consumo do etanol são positivos, considerando que as emissões de CO2 durante o consumo são compensadas pelo cultivo de cana-de-açúcar para a sua produção.
Outros programas como a renovação da frota e a adoção de programas de inspeção veicular em nível nacional concorrem, segundo a Anfavea, para a melhoria da qualidade ambiental, da mobilidade urbana e da segurança de trânsito.
No Rio de Janeiro, medidas como a implantação do "IPVA Verde" a partir de 2013 deverá estimular o consumo de carros menos poluentes, que terão descontos de 10% a 20% no imposto, seguindo uma classificação do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Desde 2009, o programa do Ibama informa os níveis de emissão de gases de todos os veículos leves produzidos no país. Os modelos recebem de uma a cinco estrelas, nota máxima oferecida aos melhores em eficiência ambiental.
Contudo, para Oded Grajew, presidente da Rede Nossa São Paulo, a situação dos automóveis no Brasil e principalmente nas grandes cidades está longe do ideal. Ele defende que a questão da mobilidade urbana passa pela possibilidade de se realizar as tarefas a pé, sem necessidade de transporte.
"A falta de mobilidade leva a pessoa a gastar quase três horas do dia no trânsito, ou seja, um mês por ano. As cidades devem ser planejadas e ter ênfase total no transporte coletivo. Não sou contra a compra do carro, mas uma coisa é adquiri-lo, outra é usá-lo. É isso que tem de ser repensado."
As montadoras, por sua vez, já investem na parte que lhes cabe. Cerca de 40% dos novos modelos do BMW Group, por exemplo, oferecem redução no consumo de combustível e, consequentemente, de emissões de até 23%. Na linha de produção, o BMW Group utiliza compostos à base de água na pintura dos carros, o que reduz 30% o uso de recursos naturais.
O BMW, que é um dos apoiadores do evento, mostra cinco veículos elétricos e promove ações de test drive no Autódromo de Jacarepaguá.
A Volkswagen do Brasil apresenta a nova versão do Fox BlueMotion, terceiro modelo da montadora a contar com o conceito BlueMotion Technologies, que visa reduzir o consumo de combustíveis e emissões - os primeiros foram o Polo BlueMotion (abril de 2009) e o Gol G4 Ecomotion (abril de 2010) - e que terá preço acessível de mercado, cerca de 3% mais caro do que o Fox 1.6 atual.
Segundo a montadora, a utilização de pneus de baixa resistência ao rolamento, os chamados "pneus verdes", que contém maior quantidade de sílica na sua composição, associado a um aumento da pressão de enchimento, mostrou uma redução na resistência ao rolamento de 23%.
Já a PSA Peugeot Citroën vai apresentar a tecnologia híbrida diesel HYbrid4 com o biodiesel do Projeto Biodiesel Brasil Abastecidos com biodiesel B30 para testes, 100% vegetal e brasileiro.
A Nissan aposta no carro 100% elétrico, o Nissan Leaf que já foi eleito o "Carro do Ano" na Europa e "Carro Mundial do Ano" nos Estados Unidos. Atualmente, existem duas unidades de táxi Nissan Leaf circulando na cidade de São Paulo em um projeto da Prefeitura para ter uma frota inteira com esse perfil. Contudo, o automóvel ainda não será comercializado no Brasil.
Em relação ao sistema de produção mais sustentável, a Ford inaugurou um sistema avançado de tratamento de água na fábrica de Taubaté, interior paulista, que dispensa produtos químicos e permite o reaproveitamento de cerca de 2.500 m3 por mês para abastecer o seu lago interno, usado como refúgio de animais silvestres. O reaproveitamento da água evita o seu lançamento na rede pública de esgoto, aliviando a demanda sobre o sistema.
Fonte: Valor Econômico - Maria Carolina Nomura
Data: 15/06/2012