Para fazer com que a inflação volte ao centro da meta, de 4,5% pelo
IPCA, o país terá de crescer abaixo do seu potencial por três ou quatro
trimestres seguidos. Isso tudo para reduzir a demanda e,
consequentemente, a pressão sobre os preços. E é exatamente nesse
sentido que trabalha a equipe econômica do governo, capitaneada por
Ministério da Fazenda e Banco Central (BC), com políticas fiscais e
monetárias contracionistas.
— A economia tem de passar uma boa temporada girando abaixo do PIB
potencial. São uns três ou quatro trimestres (nesse ritmo) — afirmou ao
GLOBO um importante integrante da equipe econômica, lembrando que o
consenso do mercado aponta como crescimento potencial algo em torno de
4,5% anuais.
Hoje, a atividade avança acima de 6% anualizados. O Índice de
Atividade Econômica do BC (IBC-Br) de março, último divulgado, mostra
que, em 12 meses, a economia cresceu 6,25%. Ou seja, precisa recuar
muito para ficar abaixo de 4%.
Segundo a fonte, no segundo trimestre a economia responderá “de forma
mais clara às iniciativas para conter os excessos (de inflação)”,
referindo-se à alta da Selic, hoje em 12% ao ano, e à redução dos
gastos públicos.
O PIB do primeiro trimestre será divulgado pelo IBGE em junho, e a
tendência é que os números venham bastante fortes. A brecada na
economia, disse a fonte, será sentida na virada do semestre.
Diante do cenário de preços ainda em alta, a equipe econômica
também já decidiu que não discutirá tão cedo a redução da meta de
inflação em 2013, ficando em 4,5%, com margem de dois pontos
percentuais para mais ou menos.
Apesar da preocupação com a inflação, a diretriz da presidente
Dilma é continuar travando uma “disputa de agenda” com o mercado e a
oposição. Assim foi batizada a estratégia de defender que o controle
dos preços e a convergência do IPCA à meta não podem ser feitos às
custas do crescimento econômico, com medidas como uma elevação de
grande magnitude nos juros e um arrocho fiscal muito severo.
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