Notícia

Percentual de álcool na gasolina deve ter redução

O governo estuda reduzir o percentual de álcool combustível que é
misturado à gasolina para tentar minimizar efeitos na inflação.




O preço do álcool subiu nos últimos meses e, como o produto é misturado
à gasolina, encarece o derivado do petróleo, cujo preço é determinado
pela Petrobras.




O objetivo da redução da mistura é evitar que a inflação saia da
meta. Nos últimos 12 meses, a alta é de 6,01%. O centro da meta é de
4,50%, com uma banda variável de dois pontos percentuais.




A gasolina é o segundo subitem mais importante do índice oficial de
inflação. No primeiro bimestre, o combustível ficou 1,13% mais caro,
segundo o IBGE.





Em São Paulo, o litro da gasolina subiu 2,2% nas últimas quatro semanas, segundo a ANP. O álcool, 10%.





A gasolina vendida nos postos tem mistura de 25% do combustível renovável.




Há uma corrente dentro do governo que quer aguardar o fim da
entressafra da produção de álcool, entre abril e maio, quando a
tendência é que os preços comecem a cair. Essa posição vem
prevalecendo, mas a disparada do preço ligou o sinal de alerta.




Não mexer no percentual de álcool evitaria que a Petrobras
ampliasse a importação de gasolina. Comprar gasolina no exterior é mais
caro e impactaria no resultado da estatal, mas não na inflação.




O governo já adotou a redução da mistura algumas vezes. A última
foi no ano passado, quando a concentração de álcool na gasolina caiu de
25% para 20% durante quatro meses.




A alta do preço do álcool veio mais forte neste ano devido à quebra
da safra de açúcar na índia, principal fornecedor do produto.




Produtores passaram a direcionar a colheita da cana-de-açúcar para
maior aproveitamento de açúcar, diminuindo a oferta de álcool.




Segundo Paulo Miranda, presidente da Fecombustíveis, a situação só
deve se normalizar a partir da segunda quinzena de abril, quando cerca
de 80% das usinas voltam a operar. Para ele, uma mudança na proporção
de álcool na gasolina seria muito custosa para um período tão curto de
tempo.





Em reunião na semana passada, usineiros chegaram a pedir apoio do governo para facilitar a importação de álcool anidro dos EUA.




"Ampliar a importação de gasolina é mais simples, há um grande
mercado no mundo, mas isso deve pressionar o lucro da Petrobras",
avalia Rafael Schechtman, diretor do CBIE (Centro Brasileiro de
Infraestrutura).



Fonte: Folha de São Paulo
Data: 25/03/2011