Brasil vai ganhar mais três montadoras
De carros baratos chineses a brasileiros superesportivos, passando
por um jipe compacto, o Brasil terá mais três montadoras nos próximos
três anos. A japonesa Suzuki é uma delas: vai produzir localmente o
pequeno jipe Jimny, hoje importado por R$ 55 mil.
A chinesa Haima, que inicia importação em 2011, vai investir R$ 200
milhões para a montagem de automóveis compactos, inicialmente com peças
(CKD) trazidas da China, e o grupo Platinuss, importador de veículos de
alto luxo, fará o primeiro superesportivo nacional, batizado de
Rossin-Bertin, que será vendido a R$ 700 mil.
A pequena linha de montagem do Rossin-Bertin – sobrenomes de seus
criadores: Fahres Rossin, ex-engenheiro da GM, e o herdeiro do grupo
Bertin, Natalino Bertin Jr. – receberá inicialmente investimentos de R$
65 milhões em uma linha de montagem em Blumenau (SC). A fábrica entra
em operação em 2012, com produção inicial de 50 unidades ao ano, com
previsão de atingir 300 até 2017.
“É um modelo com identidade própria, não se inspira em nenhum outro
esportivo”, diz Rossin. Duas unidades do modelo foram apresentadas
ontem no Salão do Automóvel, em São Paulo – que abre as portas hoje
para o público –, mas a versão final só ficará pronta em um ano.
“Queremos criar um ícone brasileiro”, afirma Bertin, que é responsável
no Brasil pela importação de modelos como o Pagani Zonda R, carro de
corrida que será vendido a R$ 10 milhões, e o Koenigsegg CCXR, cotado a
R$ 6 milhões.
A fábrica da Suzuki ainda não temlocal definido e nem valores de
investimentos. “O projeto foi aprovado há duas semanas e ainda estamos
definindo os detalhes”, diz o presidente da marca, Luiz Rosenfeld.
Segundo ele, a produção inicial será de 3 mil unidades ao ano. O
Brasil, quarto maior mercado mundial de veículos, já abriga 19
fabricantes de automóveis, utilitários, caminhões e ônibus. Duas novas
marcas anunciaram fábricas aqui recentemente: a coreana Hyundai e a
chinesa Chery.
Chineses. A Haima, marca chinesa representada pelo grupo Districar,
tem planos de iniciar montagem de um sedã e um utilitário em 2013. “A
primeira fase prevê produção de 30 mil a 50 mil unidades anuais”, diz
Abdul Majid Ibraimo, presidente da empresa. A estreia da marca no
Brasil, porém, não foi das melhores. Os carros trazidos da China para o
Salão, que serão importados a partir de primeiro trimestre de 2011,
ficaram retidos no porto de Vitória por problemas de documentação, e o
estande ficou vazio nos dois dias dedicados à apresentação do evento à
imprensa. A previsão era de que os carros chegassem hoje.
As nove marcas chinesas que participam do salão projetam vendas de
146 mil veículos em 2011, num mercado que, pelas previsões dos
fabricantes, deverá consumir perto de 3,6 milhões de unidades. Para
mostrar sua intenção de fixar raízes no País, o presidente da Chery,
Luis Curi, informa que a empresa terá um centro de desenvolvimento
local. A fábrica que será construída em Jacareí (SP) vai produzir cerca
de 150 mil unidades ao ano.
Embora não tenha planos de uma fábrica no curto prazo, o grupo
Effa, importador da marca Lifan, também firmou parceria com a
fabricante chinesa para montar um centro de desenvolvimento no Brasil
que fará projetos para serem distribuídos pela fabricante na América do
Sul. “Vamos ter uma equipe de engenheiros locais para desenvolver
projetos, incluindo de modelos híbridos e elétricos”, explica Eduardo
Effa.
No alto luxo, carros têm até fila de espera
O mercado de carros populares é o que mais cresce no Brasil, mas o
segmento de alto luxo, disputado no País apenas por modelos importados
que custam acima de R$ 300 mil,também fervilha, e a maioria das marcas
tem fila de espera. Para receber um Audi R8 Spyder, vendido a R$ 775
mil, por exemplo, é preciso esperar três meses, diz o presidente da
Audi, Paulo Kakinoff.
A Aston Martin iniciou operações em agosto com plano de vender em
um ano 25 unidades de carrões que custam entre R$ 600 mil e R$ 1,3
milhão. “Vendemos esse volume em três meses”, conta Ivan Fonseca,
diretor da empresa importadora. O diretor de operações internacionais
da Land Rover, Dmitry Kolchanov, diz que o Brasil será este ano o
sétimo ou oitavo maior mercado da marca. No ano passado, era o 12º. A
empresa deve vender 6 mil unidades no ano, contra 3,8 mil em 2009.
A Kia Motors, com veículos em vários segmentos, deve fechar o ano
com 60 mil unidades vendidas, crescimento de 150%. Não fosse a falta de
capacidade da empresa em abastecer o mercado, a marca poderia ter
chegado a 80 mil unidades, diz o presidente José Luiz Gandini.