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Petróleo no subsolo é negociado no mundo a US$ 5 o barril, diz analista

O preço do petróleo de reservas no subsolo é negociado na faixa de
US$ 5 a US$ 6 por barril em qualquer parte do mundo. A informação foi
dada ontem pelo especialista Sérgio Possato, presidente da consultoria
Stratageo Soluções Tecnológicas. Segundo Possato, apesar de as empresas
contratadas por Petrobras e Agência Nacional do Petróleo (ANP) para
certificar as reservas do pré-sal terem usado premissas diferentes, não
há explicação para a disparidade de preços: a DeGolyer, contratada pela
Petrobras, teria chegado ao valor de US$ 5 a US$ 6 por barril, enquanto
a Gaffney, contratada pela ANP, teria apresentado preço entre US$ 10 a
US$ 12 o barril.



— Não entendo a diferença tão discrepante entre as duas empresas.
Não conheço o trabalho da Gaffney, mas as duas deveriam chegar a
números próximos, apesar de utilizarem variáveis e premissas
diferentes. O que mais me espanta é a diferença tão discrepante, uma
com valor do mercado e outra o dobro — destacou Possato.





Empresa ressalta que ambas avaliações serão analisadas




A Petrobras tentou justificar as divergências em nota, explicando
que as avaliações envolvem muitas variáveis e interpretações técnicas
com base em dados geológicos. “As avaliações independentes são
apresentadas de forma preliminar devido ao grande número de variáveis
envolvidas, que comportam interpretações técnicas diferentes
decorrentes de aspectos geológicos, de engenharia de petróleo e
econômicas que precisam ser discutidas por todos os técnicos
envolvidos”, disse a empresa em comunicado.




A companhia ressalta que o preço final do petróleo para a cessão
onerosa, operação pela qual a União cederá à estatal até cinco bilhões
de barris das reservas do pré-sal como forma de capitalizá-la, terá
como referência avaliações das duas classificadoras.




O ex-diretor-geral da ANP David Zylbersztajan, por sua vez,
acredita ser possível as avaliações terem chegado a preços tão
diferentes. Segundo ele, as companhias utilizam muitas premissas e
muitas variáveis, algumas delas até subjetivas, que podem levar a
conclusões bem distintas.




— As duas certificadoras podem estar certas, em função das
premissas e critérios usados. Mas o fato de a conclusão de cada uma ter
sido “ao gosto do freguês” indica que é muita futurologia e
“chutologia” — afirmou Zylbersztajan.





Premissas são fornecidas pela contratante




Ele frisou ser natural que o resultado de um serviço desses acabe
sendo favorável a seu contratante. Isso porque, entre outros fatores, o
trabalho é feito com base em algumas premissas que são fornecidas pela
empresa contratante. Alguns princípios que podem variar de empresa para
empresa são o tempo de produção da reserva, quanto tempo levará para o
desenvolvimento do campo e a logística que será usada para a sua
exploração.




— Não dá para afirmar que uma avaliação está certa e a outra
errada. Essa diferença é possível. Só que o edifício mais barato pode
ruir, e o mais caro pode se tornar inviável de tão caro — disse
Zylbersztajan.




A Petrobras tentou tranquilizar os acionistas minoritários
afirmando que os termos finais do contrato da cessão onerosa serão
“submetidos aos órgãos decisórios da companhia nos moldes do seu modelo
de governança corporativa, incluindo o Comitê dos Minoritários,
garantindo transparência e equidade a todos os acionista”.



Fonte: O Globo
Data: 24/08/2010