Notícia

Obama quer prorrogação de tarifa sobre álcool do Brasil

Contrariando sinais dados ao Brasil no início de seu mandato, o
presidente dos EUA, Barack Obama, propôs em seu plano de Orçamento para
2011 renovar por mais um ano as tarifas à importação de álcool, assim
como os programas de subsídios aos produtores americanos do combustível.



O Brasil tenta há anos facilitar a entrada do álcool nacional, de
cana-de-açúcar, nos EUA, mas Washington sofre forte pressão de
produtores locais de milho -matéria-prima do álcool americano. Obama
fez sua carreira política em Illinois, Estado que é o segundo em
produção de milho nos EUA (atrás apenas de Iowa).



A proposta chega em momento delicado para as relações Brasil-EUA. Os
dois países já estão mergulhados em outra contenda comercial, devido
aos subsídios americanos ao algodão. O Brasil ameaça retaliar produtos
americanos e até propriedade intelectual, caso Washington continue a
desafiar determinações da OMC (Organização Mundial do Comércio) contra
os subsídios. Na semana passada, Brasília concordou em adiar a
retaliação, mas a discussão continua.



É nesse clima complicado que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
inicia hoje uma visita de dois dias a Washington. O objetivo da viagem
é participar de uma cúpula sobre proliferação nuclear, e não está
planejada reunião bilateral com o presidente Obama.



Mas, quando se encontrou com Obama ainda em março de 2009, Lula abordou
a situação e obteve aceno positivo. Na ocasião, Obama afirmou "saber
que a entrada do álcool brasileiro nos Estados Unidos tem sido fonte de
tensão. Isso não mudará de um dia para o outro, mas [...] com o tempo
conseguiremos resolver a questão".



Os EUA cobram hoje 2,5% sobre o valor comercializado do álcool
importado mais uma tarifa de US$ 0,54 por galão (3,7 litros). Também
oferecem incentivos de US$ 0,45 por galão de álcool para mistura à
gasolina e US$ 0,10 por galão para pequenos produtores.



A taxa atual à importação expira ao final de 2010, assim como os
subsídios federais ao álcool misturado à gasolina e aos pequenos
produtores.



Os custos das renovações dos subsídios até 31 de dezembro de 2011
atingiriam US$ 3,5 bilhões em um ano e totalizariam quase US$ 5 bilhões
entre 2010 e 2015, de acordo com estimativa da Comissão Mista do
Congresso para Tarifas, que analisa receitas e despesas do Orçamento
americano.



Já o ganho com a renovação da tarifa à importação foi calculado nos
documentos da comissão em US$ 24 milhões durante o ano de 2011.



Congresso



Antes da proposta de Obama, empresários brasileiros esperavam que os
Estados Unidos ao menos baixassem a tarifa para US$ 0,45 por galão.



Mas o Congresso americano já havia acenado com a renovação da taxa
atual. Em março, foi apresentado um projeto de lei bipartidário na
Câmara dos Representantes para prorrogar tanto as tarifas impostas ao
álcool importado do Brasil como os subsídios ao álcool norte-americano.



Segundo congressistas, o fim dos programas custaria 112 mil empregos na indústria americana do álcool.



Os EUA produzem 12 bilhões de galões de álcool de milho por ano. O
Brasil é o segundo maior produtor mundial, com 6 bilhões de galões de
álcool de cana-de-açúcar, segundo dados da União da Indústria de
Cana-de-Açúcar.








Fonte: Folha de Blumenau
Data: 13/04/2010