Biocombustível brasileiro deve ganhar o mundo
Apresentado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no exterior como
grande alternativa mundial para os combustíveis derivados do petróleo,
o etanol brasileiro deve se tornar uma commodity internacional de peso
no mercado global. Este, pelo menos, é o objetivo do governo e da
Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural eBiocombustíveis, garante
Allan Kardec, diretor de Abastecimento, Qualidade e Fiscalização da
agência, nesta entrevista ao JB.
Qual é a expectativa da ANP para os próximos anos no setor de
combustíveis? - Temos alguns desafios pela frente. Precisamos elevar o
etanol brasileiro ao patamar de commodity internacional.
Também temos como objetivo a consolidação do Programa de Biodiesel
de forma sustentável, contribuindo para a maior participação da
agricultura familiar na cadeia produtiva e reduzindo as disparidades
regionais. Buscamos ampliar a utilização das matériasprimas brasileiras
como forma de reduzir o custo do produto final. Temos que cumprir essas
tarefas garantindo a segurança energética do suprimento de longo prazo,
mantendo a competitividade da energia ofertada, sem deixar de
contemplar questões sócio-ambientais.
Na sua avaliação, quais são as questões mais importantes na
indústria brasileira de petróleo e gás natural no momento? - É a nova
realidade que se apresenta com os novos reservatórios do pré-sal.
Trata-se de um desafio, não só em termos de exploração, mas também de
refino, com a perspectiva de precisarmos de mais refinarias, e a
maneira como o país vai se comportar nesse novo cenário. Outra questão
relevante diz respeito aos biocombustíveis.
Somos um exemplo de mais de 30 anos de experiência nessa área.
Podemos dizer que estamos onde muitos países gostariam de estar em
termos de participação de fontes renováveis na matriz energética. Em
2008, a biomassa respondeu por 31,60% da matriz brasileira, enquanto o
petróleo e derivados corresponderam a 36,70%. No caso dos combustíveis,
houve um crescimento expressivo do biodiesel e do etanol na comparação
do consumo aparente no período 2007/2008. No etanol, houve crescimento
de 28,8% e as vendas deste combustível superam as de gasolina "A" desde
março de 2008. No biodiesel, houve acréscimo de 332% no mesmo período.
O que a ANP aponta como sua principal conquista em sua atuação no
mercado de combustíveis na última década? - Podemos destacar a criação
do Programa de Monitoramento de Qualidade de Combustíveis, que
representa um avanço no combate à adulteração. O programa, que permite
a realização de ações de fiscalizações mais direcionadas, somado ao
aperfeiçoamento do arcabouço regulatório, contribuiu para que o país
saísse de duas casas decimais nos índices de não-conformidade, para uma
casa decimal. Hoje, o Brasil mantém nível internacionalmente aceito em
termos de não-conformidade dos combustíveis.
Temos também o etanol, que está consolidado como combustível no
Brasil e surge como opção para o mundo em termos de energia. Sem falar
na introdução do biodiesel em nossa matriz energética. Os
biocombustíveis são de extrema importância para o crescimento do país.
Hoje já existem mais de 60 empresas produtoras, responsáveis em 2009
pela produção do biodiesel, que atendem às especificações técnicas da
ANP. Essas empresas participaram dos 15 leilões de venda do produto
realizados pela ANP. Representam uma oportunidade para fixar o homem à
terra, para produzir combustível limpo e gerar emprego e renda no
campo. Podemos destacar ainda a ação que resultou na eliminação do
mercado de agentes em situação irregular, e também a publicação de
novas regras para o mercado e o aperfeiçoamento das existentes.
E o processo de publicação de novos regulamentos é realizado com ampla participação dos agentes econômicos.