Desemprego cresce em 2009, mas renda sobe
A crise na economia brasileira em 2009 causou a alta do desemprego, mas
não impediu o aumento do poder de compra dos trabalhadores nas seis
principais regiões metropolitanas do País. Segundo divulgou ontem o
IBGE, a taxa de desocupação no País ficou em 8,1% no ano passado, ante
7,9% em 20088.
O gerente da pesquisa, Cimar Azeredo, acredita que os efeitos da crise
tenham cessado em dezembro, quando a taxa de desemprego ficou em 6,8%,
a menor da série histórica mensal iniciada em 2002 e exatamente no
mesmo nível de igual mês de 2008.
"Apesar da crise em 2009, o mês de dezembro teve uma taxa de
desocupação como em dezembro de 2008. O mês respondeu ao comportamento
sazonal; não houve piora em relação a dezembro do ano anterior."
O último mês do ano é marcado pela contratação de trabalhadores
temporários em alguns segmentos. Em dezembro de 2009, esse padrão se
repetiu. Comércio e serviços foram os principais responsáveis pela
queda no desemprego em relação à taxa de novembro.
Segundo Azeredo, a crise econômica provocou a desaceleração na abertura
de vagas e perda de ritmo nos avanços no mercado de trabalho em 2009,
mas não houve degradação na qualidade do emprego.
Como exemplo dessa qualidade, ele destacou que, na média do ano
passado, o rendimento médio real dos trabalhadores aumentou 3,2% ante o
ano anterior, variação próxima à ocorrida em 2008 ante 2007, de 3,4%.
"O poder de compra não foi afetado pela crise", disse.
Na região metropolitana de São Paulo, que responde por cerca de 40% dos
ocupados, a renda média real, ante o ano anterior, aumentou mais em
2009 (3,2%) do que em 2008 (2,4%).
Azeredo destacou também que houve continuidade no aumento da ocupação
com carteira de trabalho assinada em 2010. Além disso, a população
ocupada nas seis regiões cresceu 0,7% em 2009 ante 2008.
O crescimento, porém, foi o menor da série histórica e bem inferior ao
apurado em 2009, de 3,4%. A taxa de desemprego cresceu, apesar desse
acréscimo, porque o número de desocupados subiu mais de um ano para o
outro (1%).
Mas o nível de ocupação (porcentual de ocupados no total da população
em idade ativa) também recuou de 2008 (52,5%) para 2009 (52,1%). "A
queda no nível de ocupação é significativa e reflete a desaceleração
que ocorreu no mercado de trabalho em 2009 por causa da crise", disse.
PERSPECTIVAS
Com a crise deixada para trás e o atual processo de aquecimento da
economia, analistas acreditam que 2010 será melhor para o mercado de
trabalho do que o ano que passou. O diretor de Integração Acadêmica da
Fundação Getúlio Vargas (FGV), Antonio Freitas, avalia que o aumento do
desemprego em 2009 refletiu o cenário de incertezas para os
empresários, que preferiram "adotar medidas preventivas", com reduções
de custos que incluíram o corte de funcionários.
A partir de agora, ele aposta na queda da taxa de desemprego em relação
a 2009. "Haverá novos postos de trabalho no Brasil, sobretudo para
aqueles que necessitam de mão de obra qualificada, como o setor de
serviços."
Para o analista da Tendências Consultoria Bernardo Wjuniski, "o
desempenho do mercado de trabalho deve ser mais consistente a partir do
início deste ano, respondendo melhor à recuperação da atividade
econômica".
Mas ele acredita que o aumento da procura por vagas poderá pressionar a
taxa de desemprego. "As perspectivas favoráveis devem contribuir para
que mais pessoas retornem à PEA (População Economicamente Ativa, que
reúne ocupados e desocupados)", comentou.
Fonte: O Estado São Paulo
Data: 01/02/2010