Argentina quer fornecer à Petrobras
Depois de uma reunião em São Paulo de quase duas horas, o ministro do
Desenvolvimento, Miguel Jorge, e a ministra argentina da Produção,
Débora Giorgi, anunciaram ontem que os dois países irão considerar como
pauta prioritária a "máxima integração produtiva". Agências de
desenvolvimento dos dois governos deverão levantar estudos para
verificar a melhor forma de aproveitar a complementaridade nas
indústrias naval e de petróleo.
"Na área de petróleo e gás, a Argentina tem tradição importante e
capacidade não só em relação a grandes equipamentos, como no
fornecimento de partes, peças e componentes a serem fornecidos por
pequenas e médias empresas", diz Jorge. Com o anúncio, os argentinos
deixam claro seu interesse em fornecer equipamentos e peças para o
pré-sal. O ministro brasileiro lembra que o governo deve estimular a
produção de componentes para a exploração do pré-sal também por
pequenas e médias no Brasil, seguindo a idéia de produzir localmente o
maior volume possível de equipamentos.
Segundo a ministra argentina, trata-se de uma grande oportunidade
para "fazer a integração produtiva ser uma reaUdade". As empresas dos
dois países, segundo ela, podem encontrar a "complementaridade
natural". Na ava-hação dos dois ministros, o estudos ainda devem ser
feitos e ainda não há metas de investimentos.
Os ministros também anunciaram que os dois países deverão
intensificar a troca de informações sobre o comércio bilateral. Segundo
Jorge, representantes dos dois países deverão se encontrar a cada dois
meses para discutir pleitos e reclamações de exportadores e
importadores. Segundo Jorge, há um comprometimento para anáUse e
solução rápidas para atrasos na übe-ração de mercadorias de
exportadores brasileiros.
Os ministros não divulgaram, porém, nenhuma avanço nos setores que
ainda aguardam os acordos de comércio bilateral entre os dois países.
Segundo Jorge, os que foram assinados, como por exemplo, dos setores de
móveis, madeira e calçados, estão sendo cumpridos. Há somente problemas
"conjunturais e pontuais" em relação à liberação de mercadorias por
conta da implementação das ücenças não automáticas pela Argentina. Uma
dessas reclamações pontuais, diz o miiústro, vem do setor automotivo,
mas somente para venda de mercadorias para reposição. "Na produção, os
mercados argentinos estão abastecidos."
Segundo Jorge, com a recuperação econômica brasüeira, as reclamações
dos brasUeiros em relação a desvio do comércio para a China foram
amenizados. Também, segundo ele, houve uma percepção de que o
decréscimo das exportações era generalizado em função da crise.
Para o ministro brasileiro. Brasil e Argentina mantiveram um fluxo
comercial importante, af>e-sar da crise. Este ano, diz , a corrente
de comércio entre os dois países deve ficar entre US$ 20 bilhões e US$
21 bilhões. No ano passado foram cerca de US$ 30 bilhões. Débora Giorgi
voltou a dizer que as ücenças automáticas representam apenas 7% das
exportações brasileiras à Argentina. "Estamos buscando acordos como
aposta a uma integração produtiva real. Todos os setores chegarão a mn
acordo a seu tempo."