Notícia

A dor de cabeça do combustível adulterado


Combustível adulterado é sinônimo de prejuízo ao consumidor. Além de
aumentar o consumo, pode gerar um gasto futuro com reparo ou troca de
peças  devido a problemas como batida de pinos e resíduos em bicos
injetores, válvulas, velas de ignição e câmara de combustão. Mas como
saber se o combustível está "fora de conformidade"? Não é tão difícil
quanto parece. Inclusive, os postos são obrigados pela Agência Nacional
de Petróleo (ANP) a manter diversos recursos de verificação ao alcance
do consumidor.


Em regiões canavieiras como Pernambuco, uma fraude frequente é o
"álcool molhado" - adição inadequada de água ou a venda de etanol
anidro. As usinas produzem dois tipos de álcool. O hidratado é o que
deve ser vendido nas bombas.



O anidro tem um teor alcoólico maior, para ser usado na mistura de 25%
de etanol na gasolina. Alguns postos, no entanto, comercializam o
anidro no lugar do hidratado, por ser mais barato ou para sonegar
impostos, comprando direto dasusinas, sem nota fiscal. Identificar a
troca de combustível é fácil. Todo posto é obrigado a manter um
termodensímetro, um recipiente de vidro com uma pequena boia que fica
ao lado das bombas. "Antes de abastecer é preciso  observá-lo", indica
o químico da ANP, Aderson Pessoa. Se a cor do líquido estiver
avermelhada é porque se trata de álcool anidro. O etanol hidratado deve
ser límpido e incolor, como água mineral.


Também no termodensímetro dá para saber se houve adição de água.
Dentro da boia existe uma linha vermelha ou azul (que contém mercúrio).
Se esta linha não estiver no nível do combustível é sinal de que o
álcool está molhado. Para ajudar o consumidor nessa verificação, existe
um desenho no equipamento explicando como avaliar o teor alcoólico.
Para ter certeza do resultado, durante o abastecimento, é p reciso
continuar atento. "Ao acionar a bomba, o líquido tem que estar se
movimentando. Se estiver parado, está quebrado", explica Márcia Tiengo,
agente de fiscalização da ANP.


Outra fraude comum é adionar à gasolina além dos 25% de álcool. "O
consumidor pode solicitar a realização do teste da proveta. Todo posto
tem que manter disponíveis os materiais necessários e fazer o teste
sempre que for solicitado", afirma Tiengo. Na proveta é colocado 50 ml
de gasolina e 50 ml de água com sal. Ao misturar os dois produtos na
proveta, a gasolina sobe e a solução aquosa, que fica na parte de
baixo, não pode ultrapassar o nível de 62,5 ml. Acima disso, há mais
álcool do que deveria.


É possível ainda que se adicione solvente no lugar do álcool. Isso
ocorre geralmente nos períodos em que o álcool está mais caro.
Infelizmente, essa adulteração só pode ser identificada em laboratório.
"O solvente é o que mais provoca problemas nos motores. Um consumidor
que tenha sofrido algum dano e suspeite do combustível pode denunciar à
ANP para que seja feita uma fiscalização", indica Pessoa. Quem consome
diesel deve observar a cor do combustível na bomba. Não deve abastecer
se estiver escuro (porque está estragado). E nas regiões
metropolitanas, se for avermelhado (dessa cor só pode ser vendido no
interior). Precisa estar amarelado, ter aspecto límpido e não conter
partículas. As denúncias podem ser feitas no telefone 0800.970.0267. O
CNPJ do posto, que consta na nota fiscal, é um dado muito útil.



Fonte: Diário de Pernambuco
Data: 01/06/2009