Notícia

Falta de repasse aprofunda diferença de preços

O preço do diesel vendido pela Petrobrás está hoje cerca de 50% acima
do valor no mercado americano, segundo especialistas consultados pelo
Estado. A diferença reflete a queda das cotações do petróleo nos
últimos meses, sem o repasse ao mercado interno. Na última vez em que o
produto foi reajustado, em maio de 2008, o petróleo Brent, negociado em
Londres, custava cerca de US$ 110 o barril. Ontem, fechou a US$ 51,96.



Na
ocasião, a estatal aumentou o preço do diesel em 15%, após mais de dois
anos sem reajustes. Para evitar grande repercussão nas bombas de
combustíveis, o governo reduziu em R$ 0,04 a Contribuição sobre
Intervenção no Domínio Econômico (Cide), o imposto federal sobre os
combustíveis, para R$ 0,03 por litro. Com isso, o aumento para o
consumidor final ficou abaixo dos 10%.



Mesma política foi
adotada para a gasolina, que subiu 10% nas refinarias, mas caiu R$ 0,10
na Cide, compensando a alta. Segundo especialistas, a gasolina é
vendida hoje no País por até 30% acima da cotação americana, dependendo
do cálculo. O produto também havia ficado mais de dois anos sem
reajuste antes das mudanças feitas pela estatal em maio de 2008.



O
mercado, porém, continua trabalhando com a possibilidade de redução de
preços apenas em meados do ano, depois que a Petrobrás reverter as
perdas com a manutenção dos preços abaixo do mercado antes de maio de
2008 e nos meses seguintes, quando o petróleo chegou a US$ 140 o
barril. Essa estratégia foi reforçada por declarações da direção da
estatal, para quem os preços, analisados no longo prazo, estão
equiparados à cotação internacional.



"Acredito que os reajustes
só serão feitos no segundo semestre", disse ontem o analista de
petróleo do BB Investimentos, Nelson Rodrigues de Mattos, argumentando
que a empresa precisa de caixa para sustentar seu programa de
investimentos. O mercado trabalha ainda com a hipótese de recomposição
nas alíquotas da Cide, reduzindo os impactos positivos para o
consumidor. Ainda mais em um momento de busca por fontes de recursos
para bancar desonerações tributárias.



"É uma possibilidade, pode
aumentar a arrecadação do governo tirando dinheiro da Petrobrás, e não
do consumidor", diz o consultor Adriano Pires, do Centro Brasileiro de
Infraestrutura (CBIE). Ele diz que, historicamente, a Petrobrás costuma
mexer nos preços dos dois combustíveis juntos. "Nunca na história a
Petrobrás reajustou o preço de apenas um destes dois combustíveis."


Fonte: O Estado S. Paulo
Data: 15/04/2009