Notícia

Um avanço no programa de ajuste da Petrobrás (Editorial Econômico)

A política de ajuste da Petrobrás chega a uma das principais
subsidiárias da empresa, a Transpetro, responsável pelo transporte e
logística de combustíveis no País. Hoje com 56 navios em operação, a
Transpetro havia encomendado outros 46 navios, dos quais 17 foram
cancelados, informou o presidente da empresa, Antonio Rubens Silva
Silvino. A construção dessas 17 embarcações, prevista no Programa de
Modernização e Expansão da Frota (Promef), ainda não havia sido
iniciada.

O anúncio faz parte de uma estratégia mais ampla do Grupo Petrobrás, que
concentrará os investimentos em exploração e produção de petróleo,
ampliará parcerias e venderá US$ 19,5 bilhões em ativos até 2018. Entre
as diretrizes impostas à empresa pelo governo anterior, e agora
abandonadas, estava a de contratar a construção de navios próprios em
estaleiros nacionais.

O cancelamento das encomendas da Transpetro não implicará redução da
capacidade de operação. Serão fretados navios de terceiros, permitindo
conter custos e melhorar gestão e competitividade.

Em vez de atender somente a Petrobrás, a Transpetro fornecerá serviços
logísticos de cabotagem para distribuidoras de combustíveis e outros
serviços para petroleiras. “Estamos desonerando a Petrobrás e a
Transpetro de terem de investir em navios próprios”, disse Silvino.

Criada em 1998, a Transpetro gere 14,8 mil km de oleodutos e de
gasodutos e opera na exportação e na importação de petróleo e derivados,
gás e etanol. Com patrimônio de R$ 5,3 bilhões, faturou R$ 9,5 bilhões
em 2015, atraindo o interesse de partidos políticos que aparelharam a
empresa e a transformaram em fonte ilícita de financiamento eleitoral –
operação que está sendo desvendada pela Lava Jato. A empresa reconheceu,
em 2014, prejuízo de R$ 256 milhões em razão de fraudes em contratos de
transportes e licitações.

Estão em curso mudanças relevantes nas subsidiárias da Petrobrás. É o
caso da BR Distribuidora, em fase de venda do controle ou de parte das
ações. A Gaspetro teve 49% das ações vendidas ao Grupo Mitsui. O Grupo
Brookfield comprou 90% das ações da Nova Transportadora do Sudeste, que
concentra a malha de gasodutos da região. Na Transpetro, como nas demais
subsidiárias, o objetivo é ganhar eficiência, submetendo-a a regras de
mercado.

Fonte: O Estado de S. Paulo
Data: 03/11/2016