Notícia

Gasolina com mais álcool vai render até 4% a menos


Estado de Minas

Alessandra Alves e Luciane Evans


O brasileiro que anda frustrado com o reajuste nos preços dos
combustíveis pode se preparar para mais uma notícia ruim – a “nova”
gasolina anunciada pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos
Automotores (Anfavea), com 27% de etanol, vai aumentar o consumo de
combustível dos veículos em até 4%. O aumento do percentual de álcool
anidro no derivado de petróleo foi acertado entre as montadoras e a
União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), e ainda depende de aval do
governo. Segundo o engenheiro Francisco Satkunas, da Sociedade dos
Engenheiros Automotivos (SAE Brasil), a decisão deve resolver só o
problema da indústria do álcool e penalizar o consumidor.


“Você vai ter um combustível inferior. Toda vez que se adiciona
etanol, o consumo aumenta e o rendimento energético cai”, explica o
especialista. Assim, além de arcar com o reajuste dos combustíveis, que
em Belo Horizonte chegou a 9,73% no caso da gasolina e a 7,07% no caso
do álcool, de acordo com o site de pesquisas Mercado Mineiro, o
proprietário de veículos automotores terá que voltar às bombas com mais
frequência.


Logo após o anúncio da nova medida, o presidente da Anfavea, Luiz
Moan, foi questionado pela imprensa se haveria alteração no preço do
litro da gasolina em razão da mudança da mistura, mas a resposta também
não foi animadora. Moan disse que o assunto é uma questão das
distribuidoras e que não cabe à associação fazer esse tipo de projeção.


Problemas


Outro ponto polêmico da “nova” gasolina é que ela não se limita à
alta no consumo, mas pode causar problemas ainda maiores para
proprietários de carros movidos somente a gasolina, importados e
antigos. Segundo Satkunas, com o novo teor da mistura esses veículos
poderão apresentar deterioração nos componentes, dificuldades em dar a
partida e falhas posteriores. Proprietários de motocicletas também devem
enfrentar o mesmo contratempo.


Até agora, a solução encontrada pelo governo é sugerir que esses
condutores, donos de motos, importados e veículos antigos, abasteçam com
a gasolina premium, que permanece com a porcentagem de 25% de etanol. O
problema é que o combustível é ainda mais caro que a gasolina comum. “O
consumidor vai ser penalizado novamente. Essa medida vai favorecer um
segmento, que é a indústria do álcool, e quem vai pagar a conta
novamente é o consumidor”, finalizou o engenheiro.


Apesar de a Anfavea ter anunciado que a medida passa a valer a partir
do dia 16, a associação se antecipou ao governo federal, que ainda não
decidiu sobre o tema. Segundo a presidente da Única, Elizabeth Farina, o
ministro Aloízio Mercadante se comprometeu a encaminhar a proposta para
a presidente Dilma Rousseff ainda esta semana.



Data: 09/02/2015