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O novo "BOOM" do petróleo e do gás no Amazonas

Uma nova corrida do petróleo está em curso na Amazônia brasileira. Vinte e cinco anos depois da descoberta da província petrolífera de Urucu, na Bacia do Solimões, município de Coari (a 363 quilômetros de Manaus), empresas privadas brasileiras e estrangeiras voltam seus investimentos para a região. Somente no Amazonas, este mercado deverá receber investimentos bilionários nos próximos três anos. A expectativa é de que pelo menos oito mil novos empregos sejam criados até lá. E ao contrário do que ocorreu no passado, quando a Petrobras desbravava esse mercado sozinha, agora, ela tem concorrentes.


Em jogo, está um mercado considerado estratégico pelo governo brasileiro. De acordo com a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o Amazonas, único estado a produzir gás e petróleo na Amazônia brasileira, tem reservas totais de 187,5 milhões de barris de petróleo e 89,7 bilhões de metros cúbicos de gás natural distribuídas nas Bacias Sedimentares do Solimões e do Amazonas. Apesar da altíssima qualidade do petróleo encontrado em Urucu, são as reservas de gás que fazem da região um mercado tão importante. O Brasil ainda importa boa parte do gás natural consumido no país da Bolívia e, hoje, o Amazonas responde por 18% de toda a produção nacional.


A Petrobras é a empresa com mais tempo de atuação na Amazônia brasileira. Com pesquisas que começaram ainda nos anos 50, a estatal iniciou a exploração comercial de petróleo e gás em 1988, na região do rio Urucu. Hoje, a estatal produz 56,5 mil barris de petróleo por dia e 9,7 milhões de metros cúbicos de gás natural diários dos poços que ela mantém no município de Coari. Desde 2005, retomou perfurações em regiões próximas às reservas de Urucu e, no ano passado, descobriu poços de petróleo altamente rentáveis.


No entanto, pelo menos duas empresas privadas estão entrando agressivamente nesse mercado e a principal delas tem capital estrangeiro, mas é brasileira por nascimento: HRT Oil & Gas. A companhia é operadora de 21 blocos localizados na Bacia Sedimentar do Solimões. Atualmente, a petrolífera vem prospectando em áreas nos municípios de Carauari, Tefé e Coari. No ano passado, a empresa vendeu 45% de suas operações na Amazônia para a anglo-russa TNK-BP, resultado de uma joint venture entre a TNK (Rússia) e a British Petroleum (Reino Unido), que prometeu injetar US$ 1 bilhão na empreitada.


Além da HRT, a Petrogal Brasil também vem atuando no Amazonas. Ela é uma subsidiária da companhia de energia portuguesa Galp. A Petrogal tem a concessão de dois blocos em parceria com a Petrobras e vem fazendo pesquisas na Bacia Sedimentar do Amazonas, entre os municípios de Rio Preto da Eva, Itapiranga e Silves.


Investimentos

Segundo o especialista Walter De Vitto, da Tendências Consultoria, o mercado de gás e petróleo no Amazonas vai continuar aquecido nos próximos anos. “O preço do barril de petróleo está em alta no mercado internacional e isso tende a encorajar as empresas a se lançar nessa empreitada. Observamos que como o foco da Petrobras, que é o principal ator desse mercado, vai estar voltado para os investimentos na camada do pré-sal, empresas menores, como a HRT, poderão encontrar boas oportunidades de negócio na região”, afirma De Vitto.


Polo

Para o economista e secretário de Estado da Fazenda, Isper Abrahim, o aquecimento do mercado deverá continuar pelos próximos anos e ele já vislumbra a criação de um novo polo econômico que poderá ser tão importante para o Amazonas quando é hoje o Polo Industrial de Manaus (PIM): o gás-químico. “No curto prazo, nós teremos todos os insumos para implantarmos um polo gás-químico importante no Estado. Teremos o gás natural, energia elétrica vinda do linhão de Tucuruí e a silvinita. Poderemos entrar fortes no mercado de fertilizantes, onde o Brasil ainda é um dos maiores importadores desse tipo de produto”, afirma Abrahim.


Walter De Vitto, da Tendências Consultoria, diz que até mesmo pelas dimensões das reservas encontradas no pré-sal, será normal que os investimentos na exploração na costa brasileira sejam maiores que os destinados para a Amazônia, mas ele ressalta que os montantes previstos são consideráveis. “Estamos falando de um mercado de bilhões de dólares em busca de uma matéria prima que o mundo todo está procurando. As perspectivas são extremamentes positivas, ainda que este seja um mercado altamente desafiador”, afirma De Vitto.


O consultor diz ainda que as empresas do setor estão atentas às sinalizações do governo brasileiro, que havia prometido, no ano passado, realizar um leilão de novos blocos exploratórios nas regiões Norte e Nordeste. Calcula-se que serão licitados algo em torno de 174 blocos nas duas regiões. “Os leilões são fundamentais para medir a temperatura do mercado. Acreditamos que um novo leilão deverá ser feito ainda neste ano e que o interesse das empresas ficará evidente nas ofertas que elas farão”, afirma De Vitto.



Fonte: A Crítica/AM - Leandro Prazeres
Data: 20/03/2012