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Em SP, área plantada de cana cresce 5% em 1 ano

Embora já esteja saturada em algumas regiões, a cana-de-açúcar avançou em São
Paulo e, em somente um ano, passou a ser cultivada em mais 237 mil hectares.

Com o crescimento, a cana passou a ser cultivada em 5,18 milhões de
hectares, o que representa 4,75% mais que o cultivado no ano passado, segundo
dados do IEA (Instituto de Economia Agrícola), órgão vinculado à Secretaria de
Estado da Agricultura e Abastecimento.


Com isso, a expectativa é que a produção paulista atinja 437,5 milhões de
toneladas na nova safra, 4,67% mais que na safra anterior. Os dados são
referentes a abril.


Com pouco espaço para crescer em regiões tradicionais, como Ribeirão
Preto, a cultura se expandiu principalmente sobre áreas de pastagens, mas também
atingiu, em menor escala, pomares de laranja de São Paulo, segundo Sérgio
Torquato, pesquisador científico e coordenador de cana do IEA.


Segundo ele, a cana está avançando no oeste do Estado, única fronteira
que pode ser explorada pela cultura.


Pecuaristas da região estão arrendando as terras para usinas, mantendo o
número de cabeças de gado numa área menor de pastagem.


Já os produtores de laranja que tiveram problemas com doenças, como o
greening, estão substituindo a cultura.


Apesar do crescimento, ele não será suficiente para suprir a demanda por
álcool e açúcar, diz o pesquisador, reflexo da falta de investimentos que
deveriam ter sido feitos há dois anos, e suspensos após a crise de 2008.


"Nas últimas safras não houve renovação de canaviais. O setor estava
descapitalizado, o que refletiu na safra seguinte." A própria entidade que
representa as usinas no Centro-Sul reconhece o deficit de lavouras.


MAIS PRODUÇÃO


Segundo Sérgio Prado, da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar) na
região de Ribeirão Preto, entre 2003 e 2010 a capacidade de produção da cana
dobrou.


Mas ainda seriam necessários mais 400 milhões de toneladas de cana -ou
quase a totalidade da produção paulista - para suprir a demanda dos veículos
flex nos próximos dez anos.


Além disso, fatores climáticos, como o excesso de chuvas, que atrasaram o
plantio da cana, contribuíram.


Embora o estudo do IEA tenha captado alta de 4,67% de produtividade ante
o mesmo período do ano anterior, o índice deverá fechar 2011 negativo, segundo
Torquato.


Ele prevê que haverá falta de cana antes da entressafra. "É provável que
tenhamos dificuldades sérias já em outubro ou novembro", disse.


Com a recuperação do setor e a capitalização dos produtores, os
investimentos estão sendo retomados, mas só terão reflexos daqui a dois ou três
anos, de acordo com o setor sucroalcooleiro.



Fonte: Folha de S. Paulo
Data: 04/07/2011